terça-feira, 20 de janeiro de 2009

A vela de dona Maria



Se você estivesse olhando está cena
Talvez não a entenderia
O por quê de dona Maria
Acender uma vela
se jazia um belo dia?

Pau-a-pique,
azulejo de barro,
caixa de papelão,
pequeno móvel sustentava uma imagem
quase desforme
e uma vela clara.

Ai, ai, ai dona Maria
O sol sorri lá fora
pra quê esta vela
de chama azul e amarela?

Com certeza você ainda não entenda
os motivos que a comandavam
não faça esforço! Não!
Seria tolice!
Nunca entenderás! Entende?

Nem eu a entendo
E esta Dona Maria é minha!
Aquela vela que ali queima
clareia algo de dentro para fora
O que vem de dentro de dona Maria?
Não sei. E isso me castiga!

Seu assemblante era sofrido, porém sereno.
E aquela vela?
Está queimando a minha alma
e iluminando a dela!!!
Como posso sofrer mais que ela?

Ela me deixa culpada,
afinal ela é minha!
Contudo vive sem precisar de mim...

O martírio é maior
Pois agora sussurra o Pai Nosso
Como se realmente fosse nosso, assim para todos.
Quando poderia ser somente dela.


Tássia Rosário Guarany




Maria, maria de todos os dias
Passava o dia todo
dia após dia
a lavar roupa no rio
Cheque-cheque fazia
limpava o suor da testa
O Cheque-cheque continuava.

Quando voltava aproveitava
supria sua lata
com líquido poderoso
e na cabeça equilibrava.

Era com muito gingado que o fazia
e as roupas como filho sustentava.
O pés nem sentiam as pedras que quase furavam
Nem o sol era capaz de castigar seus olhos.

Lá vai a Maria
Ou pode-se dizer maria
Já não importava
nunca importou
era macabéia para sempre
mas sua hora nunca chegou.


Tássia Rosário Guarany

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